terça-feira, 20 de setembro de 2011

Memória Inventada

Oficina da palavra.
Depois de alguns textos que relacionam memória e ficção, foi proposto para a turma criar um texto que mistura o real com aquilo que você pode inventar.
Com uma semana estranha dentro dos ônibus, criei uma memória onde pessoas subtendidamente precsenciam coisas que vão além de simplesmente pegar o ônibus. 


De vinte e cinco à vinte e nove.

Ora fechado, ora vazio.

   O ônibus que sempre pego cheio tem vindo vazio. “ô cobrado, cobradô, cobradô, faz favo sô, cobrado” E os olhos dele nunca paravam, o cobrado não respondia e quanto mais ele se calava, mais o moço gritava, ô  cobrado!!
   No ponto, a gente sempre via o GAIA indo pra onde a gente deveria ir, mas o estranho é que ninguém entrava. Parece que as pessoas gostam sempre de se prender a outras e preferem pegar o ônibus mais cheio. E hoje ele tava vazio, mas aí fiquei apertada, sério. A moça do lado era grande, mas foi o primeiro banco que apareceu na minha frente. Eu nunca sei escolher bancos pra sentar, roupas para vestir, pontos para os finais, espaços para os vazios, nomes pras coisas, coisas para os trecos...
   Num outro dia decidi ler um livro pra encurtar a volta, e o motorista bem a vontade apagou a minha luz e eu ainda cheia de despeito decido escrever. Assim eu poderia montar meu próprio desenho de palavras sem precisar das pupilas que sofriam tanto por dilatar.
   Essa quase meia dezena foi cheia de surpresa em um espaço muito vazio. Em um espaço de tanta saudade, vazio e confuso.



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