O filme começa com um suicídio que acontece no vilarejo e todos começam a comentar. Um homem se enforcou por causa da amante, e as meninas têm logo uma reação de que nunca se matariam por algum homem., outra já diz que tentou se matar. Vemos que a figura masculina é como um fantasma para estas meninas, duas estão grávidas. Outra é mãe solteira. Talvez alguma pense em fugir. Mas ninguém quer se casar.
A falta que me faz é um documentário feito pela realizadora mineira Marília Rocha onde mostra a vida de cinco mulheres que vivem em uma pequena cidade peto da Cordilheira do Espinhaço, ela nos mostra a vida dessas pessoas que passam de angústias à tristezas, me fazendo pensar coisas sobre vida, futuro, desesperanças e anseios.
Marília constrói o filme de uma maneira que a relação das
personagens com a câmera é muito próxima e isso aparece de uma maneira muito evidente. Ela ultrapassa os limites de
câmera e personagem e essas meninas se sentem muito confortáveis nessa relação. Para que a história se desenvolva, a diretora instiga as
personagens de uma maneira muito sutil, deixando para elas a condução da história contando seus detalhes, pedindo concelhos e sem muita pretenção criando uma narrativa para o filme.
Podemos pensar este filme como um documentário pela maneira como a vida deste povoado é mostrado, é carregado de carascterísticas e tregeitos muito caracterizados. O documentario é construido mais pela relação de equipe com o povoado, do que com a história propriamente dita. Esta relação
faz o documentario, mostrando de muito perto coisas que talvez seriam impossiveis de ser reproduzidas de uma outra maneira. O laço estabelecido ali vai além das câmeras, mostrando que documentar é se aproximar tanto ao ponto de mostrar a história da outra pessoa, sem que ela perceba que está também construindo a história de um filme.
O fato de o filme nos mostrar uma narritiva não tira o potencial de documentario. Percebemos um início, uma apresentação das pessoas, nos envolvemos com as histórias, descobrimos como acontece a relação entre as
personagens e ficamos curiosos sobre como vai se desdobrar a vida delas. Os filhos que estão para nescer, talvez um casamento, uma mudança, algum abandono. Todas essas características nos fazem criar um historinha que nós sabemos que va além das 1h e 20 minutos de filme. Isso não descaracteriza o documentario, vimos nas aulas de Cinema Documentario que ele é construido da forma que o diretor achar melhor, e Marília descobre um jeito muito próximo para poder nos mostrar uma coisa muito sentimental e pessoal que são as angústias dessas meninas.
O jeito que elas se expressão, me faz pensar que a vida é um pouco sem propósito, um pouco perdida. Algumas estãos grávidas de namorados ausentes, algumas pensam em se casar, outras só querem
amigar. Outras nem querem saber disso, uma delas até chega a dizer que
casar é por conveniência e não por amor. Essa e outras falas mostram uma desesperança na vida dessas pessoas que acabaram de largar a adolescência e que já estão pensando em construção de família, futuro etc.
Marilia diz que um fator importante no filme é a paisagem, diz que isso é tao forte quanto as histórias. Aquele lugar diz muito sobre as meninas, as montanhas. A paisagem está nelas, na história de família, no futuro delas, a relação delas e também é uma razão pessoal da diretora.
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Marília Rocha |