quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Rascunho




Encontrei vários rascunhos guardados aqui
depois de meses, voltar pra esse mundo roxo e alaranjado é estranho.
Ta tudo tão diferente que os rascunhos não fazem mais sentido.

muita coisa que escrevi não existe
muitas coisas não aconteceram
muitas coisas aconteceram e eu nem percebi

É bom voltar pra casa
Tinha me esquecido como é confortável sentar nesse sofá branco
pensar em escrever sobre essa grama seca e deserta.

Melhor ainda é ver como tudo mudou
que um dia, eu não gostava de efeitos prontos de iphone e hoje não me importo
que um dia eu me importei com meu trabalho de sardas e hoje eu não gosto.
que eu pensava em produzir tando, que eu não produzi nada
e eu penso hoje, que o mais importante é fazer.
sem pensar
mais tesão e menos fala






A falta que me faz

O filme começa com um suicídio que acontece no vilarejo e todos começam a comentar. Um homem se enforcou por causa da amante, e as meninas têm logo uma reação de que nunca se matariam por algum homem., outra já diz que tentou se matar. Vemos que a figura masculina é como um fantasma para estas meninas, duas estão grávidas. Outra é mãe solteira. Talvez alguma pense em fugir. Mas ninguém quer se casar. 



A falta que me faz é um documentário feito pela realizadora mineira Marília Rocha onde mostra a vida de cinco mulheres que vivem em uma pequena cidade peto da Cordilheira do Espinhaço, ela nos mostra a vida dessas pessoas que passam de angústias à tristezas, me fazendo pensar coisas sobre vida, futuro, desesperanças e anseios.
Marília constrói o filme de uma maneira que a relação das personagens com a câmera é muito próxima e isso aparece de uma maneira muito evidente. Ela ultrapassa os limites de câmera e personagem e essas meninas se sentem muito confortáveis nessa relação. Para que a história se desenvolva, a diretora instiga as personagens de uma maneira muito sutil, deixando para elas a condução da história contando seus detalhes, pedindo concelhos e sem muita pretenção criando uma narrativa para o filme.

Podemos pensar este filme como um documentário pela maneira como a vida deste povoado é mostrado, é carregado de carascterísticas e tregeitos muito caracterizados. O documentario é construido mais pela relação de equipe com o povoado, do que com a história propriamente dita. Esta relação faz o documentario, mostrando de muito perto coisas que talvez seriam impossiveis de ser reproduzidas de uma outra maneira. O laço estabelecido ali vai além das câmeras, mostrando que documentar é se aproximar tanto ao ponto de mostrar a história da outra pessoa, sem que ela perceba que está também construindo a história de um filme.

O fato de o filme nos mostrar uma narritiva não tira o potencial de documentario. Percebemos um início, uma apresentação das pessoas, nos envolvemos com as histórias, descobrimos como acontece a relação entre as personagens e ficamos curiosos sobre como vai se desdobrar a vida delas. Os filhos que estão para nescer, talvez um casamento, uma mudança, algum abandono. Todas essas características nos fazem criar um historinha que nós sabemos que va além das 1h e 20 minutos de filme. Isso não descaracteriza o documentario, vimos nas aulas de Cinema Documentario que ele é construido da forma que o diretor achar melhor, e Marília descobre um jeito muito próximo para poder nos mostrar uma coisa muito sentimental e pessoal que são as angústias dessas meninas.

O jeito que elas se expressão, me faz pensar que a vida é um pouco sem propósito, um pouco perdida. Algumas estãos grávidas de namorados ausentes, algumas pensam em se casar, outras  só querem amigar. Outras nem querem saber disso, uma delas até chega a dizer que casar é por conveniência e não por amor.  Essa e outras falas mostram uma desesperança na vida dessas pessoas que acabaram de largar a adolescência e que já estão pensando em construção de família, futuro etc.
 Marilia diz que um fator importante no filme é a paisagem, diz que isso é tao forte quanto as histórias. Aquele lugar diz muito sobre as meninas, as montanhas. A paisagem está nelas, na história de família, no futuro delas, a relação delas e também é uma razão pessoal da diretora.



Marília Rocha






quinta-feira, 19 de abril de 2012

#projeto final - Apeles II

            MAS NO FINAL TODOS APRENDEMOS QUE O MELHOR É NOS ENTENDER

  
Nas pesquisas sobre sardas encontrei aqui um episódio do desenho americano South Park que trata, assim como o livro de julianne moore, sobre bullying nas escolas com as crianças sardentas.
O desenho é bem sátirico e até pesado, ele tem essa característica humor negro com crianças de uma escola.
Uma coisa interessante no desenho é que a criança que começa a descriminar as ruivas-branquelas-sardentas dizendo que é uma aberração e anomalia da natureza, acaba 'adiquirindo' sardas da noite pro dia - outras crianças o transformam em sardento pintando o cabelo e o rosto.

Virando um ruivo sardento, Cartman começa a entender o preconceito que essas crianças sofrem na escola, sendo chamadas de sujas e sendo proibidos de comer no refeitório da escola, ele cria uma associação de ruivos sardentos para defender o lado deles, mostrando que são injustiçados pelos outros. O que acontece é que essa assiociação vira como se fosse um partido nazista de ruivos -liderados por ele- que tem o propósito de eliminar as outras pessoas que não pertencem à raça ruiva-sardenta.


No fim das contas ele descobre que não é ruivo e tenta reverter a situação, já que ele seria um dos executados por não ser ruivo, e como um bom líder ele convernce os outros que devemos ser iguais com uma música: "de mãos dadas nós podemos viver juntos, ruivos ou não, é tudo a mesma coisa. Preto ou branco. Marron ou vermelho, não devemos matar uns aos outros. Porque é bobeira, de mãos dadas, nós podemos viver juntos. Viver juntos!! Não deveríamos matar uns aos outros porque somos tudo a mesma coisa





É um desenho que brinca com a relação que temos com a diferênça dos outros e como a situação pode mudar se somos nós os 'portadores' da diferênça. Ou seja, todos nós!Que somos tão iguais pelas diferenças e aparências


aqui você assiste ao desenho completo





















meu pai disse que cada sarda é um beijo de um anjo





quarta-feira, 28 de março de 2012

Fotojornalismo.

Antes de iniciar o desenvolvimento do projeto final, ainda estamos fazendo alguns exercícios e práticas.
Com a volta das aulas começamos com o fotojornalismo, um assunto muito complicado, denso, polêmico, travesso, contraditório e bonito.

Começamos assitindo ao filme Instantâneos da realidade do fotógrafo Evandro Teixera. Na profissão à mais ou menos 50 anos, Evandro passou pela época mais complicada no Brasil quando falamos de liberdade de expressão, direito autoral, direito de imagem e direitos humanos. Ele documentou a ditadura. 
Referência do fotojornalismo brasileiro, ele fotografa até hoje e tem fotografias inesquecíveis para a história do páis. O que mais me chamou a atenção foi a descontração do fotógrafo, até hoje ele parece um menino brincando com a câmera na mão e fazendo fotos incríveis. Contam no filme que quando Evandro era jóvem, ele impressionou o cenário da fotografia no Brasil e vem fazendo isso até hoje. 
O fotógrafo não tem somente trabalhos fotojornalisticos, ele também trabalha com livros, ensaios e pesquisas. 
 
Guerra de Tóxicos, Favela Vila do João, Rio de Janeiro, 1998 


 No filme contam que esta fotografia de Airton Sena mudou a visão de muitos fotógrafos sobre modo de fotografar pilotos de corrida. Fazendo uma foto mais fechada, um close no rosto do piloto, coisa que ninguém havia ousado antes de Evandro Teixeira.

Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes


* * * 




Na segunda parte vimos o filme The bang bang club, uma ficção baseada em fatos reais sobre a história da guerra no movimento apartheid na Africa do sul. Os quatro fotógrafos Kevin Carter, Greg Marinovich, Ken Oosterbroek e o brasileiro João Silva eram um grupo de fotógrafos que documentaram esta guerra que, não sendo diferente das outras causou muita destruição e morte, inclusive a do fotógrafo Ken Oosterbroek. 



O filme mostra bem a relação do fotógrafo com a guerra, que é tão traiçoiera para quem documenta quanto para quem faz a guerra. Muitas angústias vivem os fotógrafos que muitas vezes são contemplados por uma excelente foto que pode ter custado a vida de uma pessoa. Essa é a realidade do fotojornalismo que denuncia, informa e também de alguma jeito "aproveita" da vida (morte) de outras pessoas.  

Tudo que está envolvido ao meio social, à nossa humanidade é muito delicado, principalmente quando se faz isso com a intenção de mostrar a verdade, como é no filme. Se pessoas estão matando umas às outras de forma cruel e sem motivo, é obrigação do fotojornalismo ilustrar ao resto do mundo que em algum lugar as pessoas estão colocando fogo umas nas outras até morte. 
Por isso o fotojornalismo é uma questão muito complexa que precisa ser encarada com muita responsabilidade e ética. 

Mostra no filme, esta foto de Greg Marinovich, de um homem que atirou fogo em um outro vivo e lhe deu pauladas até a morte. Greg fez esta foto apesar de ter ficado chocado e perplexo com a atitude deste homem. Antes de lhe atirarem fogo, o fotógrafo tentou ajudar a vítima, dizendo que era inocente, mas não foi suficiente. 
Depois de ter feito a foto, Greg passou por um momento muito difícil, onde a profissão fotógrafo ficou um pouco de lado e ele se sentiu péssimo por ter feito a foto de um homem que foi morto na sua frente nestas circunstâncias. A foto foi publicada no mundo inteiro por vários jornais. Greg foi intimado pela polícia    que queria que ele testemunhasse a favor da vítima e entregasse seus negativos. O fotógrafo resistiu alegando que se fizesse isso estaria escolhendo um lado e que seria impossível continuar sua vida como fotógrafo de guerra. Ele some do pais, vai fazer outras coisas, mas volta quando a polícia desiste de lhe interrogar porque ele foi vencedor do prêmio Pulitzer de fotografia*.

* este prêmio é uma realização americana que contempla profissionais em áreas como jornalismo, literatura e artes. Dentro do jornalismo, temos o fotojornalismo e todo ano uma sequencias de fotos são indicadas, e uma delas é eleita vencedora do prêmio. Curiosamente as fotos vencedoras sempre tem uma fator social muito forte, ano após ano o sofrimento dos outros é retratado em fotos vencedoras. 


No filme the bang bang club, dois fotógrafos recebem o Pulitzer e isso mexe muito com o emocional deles.Kevin Carter autor de uma fotografia que praticamente todos nós guardamos na memória, ganhou o Pulitzer no ano de 1994. Mostra o filme que Carter ficou muito feliz com a contemplação pois passava por um momento difícil com as drogas e esse prêmio foi como uma injeção de auto estima. Porém ele passa por um momento delicadíssimo que assombra o fotojornalismo, as pessoas começaram a questionar se ele havia ajudado a garotinha da foto que nitidamente passava fome e estava sendo vigiada por um abutre também faminto. Contam que o alojamento da ONU era a pouco mais de um quilômetro dali e ainda assim ele não a ajudou.Ele mais ou menos espantou o abutre e foi embora, levando a melhor foto do ano de 94. Três meses depois, Carter se matou deixando um bilhete ".....sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor… Pelas crianças feridas ou famintas… Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos… Se eu tiver sorte, vou me juntar ao Ken..."



 * * * 



Dentro deste contexto, ainda não consigo chegar a um lugar 'confortável' sobre o fotojornalismo e sua relação com as pessoas. Talvez isso nunca aconteça, talvez isso sempre aconteça. É ambígua a situação, alguém precisa saber, alguém precisa contar. É forte demais contar essas coisas com imagens, se são palavras, o resto fica por conta da nossa imaginação. Mas o que estamos vendo, é o que estamos vendo.
No livro Diante da dor dos outros, da ensaísta Susan Sontag, fazemos infinitas reflexões sobre essa relação imagem\pessoa, e o impacto delas, principalmente na guerra, no sofrimento. A fotos informam e escolhem um lado, nos jogam contra a parede. ainda não terminei de ler o livro, ainda não cheguei a lugar nenhum e isso não vai acontecer. 

No festival Foto em Pauta em Tiradentes que acontece todo ano, se apresentou o fotojornalista Maurício lima, não pude participar do festival, mas acompanhei pela internet e pelos colegas que puderam ir, sua apresentação foi muito emocionante pela postura do fotógrafo diante desse assunto. resumindo, ele conta a história de um garoto que perdeu a visão em meio as guerras no Afeganistão, Maurício fotografa o garoto com a intenção de ajudá-lo, o garoto recebe um tratamento fora do país e recupera a visão. Nas palavras do fotógrafo,"o fotojornalista precisa expor suas idéias, sua opinião, porque não existe um jornalismo imparcial e neutro. É preciso estar de algum lado, e por isso prefere ser um fotógrafo independente." 

http://www.youtube.com/watch?v=yIYk65fPt9g&feature=share - entrevista com o fotógrafo no festival








quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

#projetofinal - memória compartilhada

O trabalho do ampliador que até agora é chamado de memória compartilhada é como um laço de outros dois trabalhos individuais, um meu e um de Joyce. Dois trabalhos que se juntam na pele, fazendo deste terceiro uma ponte de memória.
Este projeto vai ser um diário que conta o processo dos outros dois trabalhos que envolvem pele, sardas, roupas, folhas,envelhecimento, manchas, nudez, vergonha, moda, etc.


Ainda estamos estudando o jeito que será montado, por enquanto pensamos em fotografar com câmera analógica, usar o negativo no ampliador, projetar a luz (foto) no corpo e fotografar novamente com a câmera digital. A ideia é que cada página seja uma fotografia que retrate o andamento, as sensações desses outros dois trabalhos individuais e montar um livro (diário)


Os trabalhos caminham juntos e dependem um do outro como uma fonte criatividade e motivação. O diário só é alimentado porque estamos dando continuidade aos outro dois trabalhos, porém, as páginas do diário nos questionam  e nos clareiam sobre o que e porque estamos fazendo os outros dois.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

#projetofinal - Apeles

...dando início aos projetos dos projetos finais.Esse daqui vou chamando de sardas, e por enquanto é isso.

As sardas são cientificamente chamadas de efélides, e existem diferentes formas de "pegar" essas manchinhas.
e também algumas formas de prevenir, acabar com elas, esconder e maquiar.


A atriz Julianne Moore, sardenta desde criança escreveu um livro infantil chamado Freckleface Strawberry que conta a história de uma criança (ela mesma) que sofre de bullying na escola por ter essas manchinhas....


um livro infantil que pode ajudar as crianças e porque não adultos a entenderem e até "superarem" este fator genético.


As manchas dessa infância um pouco desconfortável, cresceram junto com o medo de que seus filhos também sardentos  sofram por serem chamados de sujos assim como aconteceu com ela.


Quando o assunto é sarda, a aceitação é bem complicada, quando pesquiso ou converso com pessoas, elas sempre querem esconder, tentam acabar ou tem vergonha das sardas, assim como Julianne que diz não gostar de suas sardas até hoje.
As pessoas gostam das pintas, gostam de manchas sexy's como a da angélica, mas ficam embarassadas com o fato de ter várias delas. Essas pintas juntas e em constante crescimento, deixam as pessoas inseguras e desempenham um papel importante em mais um exemplo de dificuldade de aceitação da diferença e afirmação da identidade.