quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Menos é mais

Na última sessão do cineclube, recebemos o convidado Ribão, pesquisador do trabalho do cineasta português Pedro Costa. Assistimos o filme Ossos(1997),terceiro filme do diretor.

Ribão nos apresentou um pouco da história do cineasta, contou seus muitos "casos" durante a produção de seus filmes, sua grande sensibilidade em relação às pessoas e o modo como ele se relaciona com elas, fazendo seus trabalhos.

Em um destes casos, Ribão nos conta que no meio da produção do filme Ossos, o diretor se viu em uma situação estranha, que o incomodou. Pedro Costa fez o filme numa vila em portugal, com toda a produção que o cinema pode exigir (e inibir) e enquanto filmava de madrugada, pecebeu que os equipamentos de luz, incomodavam os moradores que acordavam muito cedo para ir trabalhar. Ele decidiu então que não iria usar toda aquela produção e mandou apagar todos os refletores.  Ribão conta que o câmera ficou confuso, como faria um filme sem luz. O diretor mostrou que poderia ser feito sim, aproveitando a luminosidade do lugar com pouca produção. Uma câmera e nada de luz, o 'problema' foi resolvido.


É impressionante essa sensibilidade que deixam as coisas tão belas, tão particulares neste filme. Combinado ainda com os cortes e enquadramentos, o filme me deixa a sansação de que ele é muito mais do que um filme para se ver, entender, gostar ou desgostar, assim tão rápido. Precisa ser digerido, entendido, estudado, e com essa pequena conversa com Ribão eu pude ver a grandesa do cinema (e das coisas simples). Ganha-se muito quando se é pequeno. O que parecia ser um incômodo, uma dificuldade, virou um potêncial que transformou toda a história do filme, que foi premiado no Festival de Veneza pela sua linda fotografia. 


Tem muitas coisas interessantes nessa relação do cinema com o Pedro Costa, vimos alguns trechos do filme No quarto da Vanda, e tenho mesma sensação de que os acontecimentos não são lineares, que as coisas demoram para acontecer, temos a sensação de que estamos perdidos no filme, mais ainda assim conseguimos perceber a beleza de cada plano, seus cortes cheios de pontencial, sua direção imprevisível, a falta de diálogo entre os personagens. Tudo isso são coisas simples que embelezam as produções do cineasta, que não podem ser vistas somente uma vez.


Trailer do Filme Ossos

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